Eu
não sou fã da CW. Admito que tenho pré conceito com a emissora, mas, quando,
quase por acidente, me deparei com Crazy ex-Girlfriend, minha opinião começou a
mudar. Eu sei, o nome não é dos melhores, mas quando chegarmos ao final do
texto, falamos sobre esse “crazy”.
Rebecca Bunch é uma
mulher independente, bonita, inteligente, super advogada, prestes a ser
promovida em uma empresa que toma todo seu tempo, viciada em anti depressivos
e...infeliz. Um dia, Rebecca deu de cara com um outdoor, publicidade de
margarina, que dizia “Qual a última vez
que você foi feliz?”.
O outdoor colorido entra em contraste com a vida
cinza e apagada da protagonista. Ao mesmo tempo, Bunch reencontra seu ex-namorado
da época do acampamento de teatro, Josh. Josh está feliz e se mudando para West
Covina, do outro lado do país. Rebecca decide que também se mudará, afinal West Covina deve ser um
ótimo lugar, ela precisa de uma mudança e Josh estará lá. Ela diz a todo tempo,
para si mesma, que não se mudou por causa do Josh, inclusive na primeira música
da série. Sim, a série é uma comédia musical.
.
Ok,
falamos sobre o que trata a história, mas o que ela tem a ver com os males da
sociedade?
Comecemos
pelo básico: se você desse de cara com um outdoor perguntando sobre a última
vez que você foi feliz, o que você responderia?
Com
toda a cobrança da sociedade sobre o que devemos vestir, fazer, pensar, sobre a
carreira que devemos ter...estudar, trabalhar, ser promovido, ter uma casa, um
carro, conhecer o mundo, criar uma família...quantas vezes você já teve vontade
de simplesmente largar tudo, mudar de cidade, de emprego, de contatos, de tudo?
Você está realmente feliz com o que tem?
Josh
foi o pontapé inicial para Rebecca se mudar, mas por trás de tudo, ela
realmente precisava de uma mudança e, ao estar em West Covina, ela para de
tomar seus medicamentos, sua vida ganha cor, ela tem tempo de perseguir o que
quer.
Com
tudo isso, nós já vemos algumas pequenas críticas, mas Crazy ex-Girlfriend vai
um pouco além.
Essa cobrança de que
a mulher tem que estar sempre linda – especialmente quando vai encontrar um
cara – é exposta com a música “The Sexy Getting Ready Song”, onde, no meio da canção,
entra um rapper reconhecendo todo o
esforço das mulheres e, ao final, ele liga para cada uma das suas
dançarinas, pedindo desculpas pelos insultos.
Rebecca, em West Covina, conhece sua nova melhor amiga Paula, que tem
grandes
músicas estilo Broadway, conhece Darryl, seu chefe que se descobre
bissexual, conhece Greg, que acaba protagonizando um triangulo amoroso e
conhece Valencia, namorada de Josh. Todos esses personagens – e a vizinha Heather – são responsáveis por
deixar Rebecca mais parecida com West Covina, mais sincera com o que ela pode
sentir e menos paranóica com o mundo.
Mais
do que falar sobre a busca pela felicidade, autoconhecimento e feminismo, Crazy
ex-Girlfriend fala da loucura...Não somente a loucura da Rebecca, mas essa que
está impregnada em todos nós por vivermos essa rotina que nos foi imposta.
Será
que a Crazy ex-Girlfriend é realmente louca? Por que tratamos como loucos quem
decide seguir seus sonhos?
Talvez
a série seja o insight que precisamos para que possamos deixar de nos considerarmos loucos por seguirmos o que
queremos.
PS¹: Eu gosto muito
de um diálogo de Orange is the new Black
em que a Alex diz que cada um tem a sua visão do que é que ser bom ou mau. Em Crazy ex- Girlfriend,
isso gerou a música “I’m the villain in
my own story”:
PS²: Você pode ouvir a trilha Sonora comentada no Spotify.
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